Nos dias de hoje, todos já temos ciência da crise climática — as rápidas mudanças no clima do planeta são, em sua maioria, provocadas por atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis, incluindo carvão, petróleo e gás. Essas ações liberam gases de efeito estufa que retêm o calor na atmosfera, causando o aumento das temperaturas globais e levando a eventos climáticos extremos mais frequentes, elevação do nível do mar e impactos devastadores em comunidades ao redor do mundo.
Uma das medidas mais urgentes que podemos tomar para combater essa crise é acabar com os combustíveis fósseis — agora. Mas, além disso, podemos proteger e restaurar os ecossistemas naturais que possuem um papel crucial na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Essas “soluções baseadas na natureza” trabalham em harmonia com o ecossistema para fortalecê-lo, criando resiliência e efeitos positivos para as pessoas e o clima.
Entre as melhores defesas naturais do planeta contra as mudanças climáticas, as florestas tropicais se destacam por seu enorme impacto e alcance. A Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, é especialmente importante.
Mas como a Amazônia ajuda a resfriar todo o planeta? Vamos descobrir.
A Floresta Amazônica Armazena uma Grande Quantidade de Carbono
As florestas tropicais são ecossistemas diversos e complexos que recebem mais de 2.000 mm de chuva por ano. Florestas tropicais como a Amazônia são extremamente ricas em biodiversidade e têm uma capacidade impressionante de armazenar grandes quantidades de carbono. Elas fazem isso absorvendo dióxido de carbono por meio das folhas, troncos e raízes, reduzindo a presença desse gás de efeito estufa na atmosfera e, consequentemente, resfriando o planeta.
Embora as florestas tropicais ocupem apenas cerca de 7% da superfície do planeta, elas armazenam cerca de 25 a 40% do carbono do planeta em seu solo, o que as torna sumidouros de carbono essenciais.
A Floresta Amazônica se estende por oito países da América do Sul, além da Guiana Francesa (um território ultramarino da França), e absorve aproximadamente 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano — cerca de 5% das emissões globais anuais.
“Rios Voadores” de Umidade
Além de armazenar quantidades incríveis de carbono, a Amazônia representa um papel importante na regulação do clima global ao formar os “rios voadores” — vastos fluxos de umidade que percorrem a Bacia Amazônica.
As árvores agem como enormes bombas de água, puxando a água do solo por meio de suas raízes e liberando-a na atmosfera pelas folhas em um processo conhecido como “evapotranspiração”. A Floresta Amazônica libera cerca de 20 bilhões de toneladas de umidade no ar em um dia típico, formando nuvens de chuva que são levadas pelo vento para sustentar a própria floresta e influenciar o clima das regiões mais próximas.
Essa umidade fornece chuvas que irrigam áreas vizinhas, como o Cerrado, o Pantanal e a Mata Atlântica no Brasil, demonstrando que a Amazônia está profundamente conectada a outros biomas. Ela também abastece reservas hídricas cruciais e sustenta a agricultura em várias regiões da América do Sul, como o Centro-Oeste do Brasil, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina — sustentando os meios de vida e o abastecimento de água de milhões de pessoas.
Quando árvores são perdidas devido ao desmatamento, esse ciclo natural da água é interrompido — menos umidade é liberada na atmosfera, o que altera os padrões de chuva e clima, agrava as secas e contribui para o aumento da frequência de incêndios florestais na Amazônia — uma região que, historicamente, era úmida demais para sustentar esse tipo de queimada.
Ameaças à Amazônia São Ameaças ao Clima Global
Nos últimos 50 anos, mais de 300 mil milhas quadradas (cerca de 78 milhões de hectares) da Amazônia foram desmatadas ou degradadas — uma área maior que a Itália ou o estado do Texas.
Essa destruição é impulsionada principalmente por atividades como agricultura, extração de madeira e mineração. Quando as florestas são derrubadas ou queimadas, o carbono armazenado nas árvores é liberado na atmosfera, acelerando o aquecimento global.
Surpreendentemente, a evapotranspiração da Bacia Amazônica fornece umidade atmosférica que influencia os padrões climáticos e as chuvas em regiões tão distantes quanto os Estados Unidos. Isso significa que a perda florestal na Bacia Amazônica pode contribuir para secas e aumentar o risco de incêndios florestais muito além da América do Sul.
Por exemplo, os intensos incêndios florestais na Califórnia em 2023-24 podem estar indiretamente ligados a esses padrões de umidade interrompidos, combinados com o aumento das temperaturas causado pelas mudanças climáticas globais.
O que os Global Citizens Podem Fazer?
Proteger a Floresta Amazônica é importante não só para preservar sua biodiversidade e os direitos e modos de vida dos povos indígenas e comunidades locais que dependem da floresta, mas também para manter a estabilidade do clima global.
Uma Amazônia saudável sustenta os padrões de chuva que ajudam comunidades em toda a América do Sul a prosperar. Ela também diminui o risco de eventos climáticos extremos — como os devastadores incêndios florestais na Califórnia em 2024 e o crescente número de queimadas na própria Amazônia.
Os Global Citizens podem ajudar ao exigir ações globais para proteger as florestas, além de reduzir o consumo de produtos ligados ao desmatamento (como algumas carnes, soja e óleo de palma), apoiar os direitos territoriais dos povos indígenas e aumentar a conscientização sobre a importância da Amazônia na luta contra as mudanças climáticas.