Imagine um mundo sem a Gavi, a Aliança para Vacinas. Milhões de crianças não chegariam a completar cinco anos de vida. Doenças como pólio e sarampo deixariam milhares de pessoas com sequelas. O câncer do colo do útero continuaria sendo um inimigo silencioso de mulheres e meninas em muitas regiões. A malária, transmitida por mosquitos, seguiria tirando milhares de vidas todos os anos na África.
Esse cenário pode se tornar realidade se o apoio à equidade vacinal desaparecer, deixando para trás justamente quem mais precisa dessas vacinas que salvam vidas.
Desde 2000, a Gavi ajudou a vacinar mais de 1 bilhão de crianças em mais de 78 países de baixa renda, salvando cerca de 19 milhões de vidas e prevenindo aproximadamente 2,7 milhões de mortes.
Esses números não são apenas estatísticas — eles representam vidas salvas e uma mudança profunda na trajetória da saúde global. É seguro dizer que a Aliança tem sido incansável em sua missão de proteger comunidades vulneráveis contra doenças evitáveis por vacinas.
No centro de sua missão, a Gavi defende a equidade — garantindo que toda criança tenha uma chance justa de levar uma vida saudável, independentemente de onde viva. E essa missão continua hoje, com a nova fase da Gavi focada em expandir os programas de imunização, incorporar novas vacinas ao seu portfólio e fortalecer os sistemas de saúde dos países por meio de parcerias mais profundas.
Confira algumas das doenças evitáveis por vacinas que a Aliança está ajudando os países a enfrentar de forma direta.
Uma profissional de saúde explica a uma mãe como a vacina contra a malária é aplicada, durante uma ação de vacinação no distrito de Apac, em Uganda, em abril de 2025. Uganda se tornou o 19º país africano a incluir a vacina contra a malária em seu programa rotineiro de imunização.
Vacina contra a Malária: O Marco que o Mundo Precisa
Após três décadas de pesquisas, o mundo finalmente conta com uma vacina contra a malária, e a Gavi está ajudando a implementá-la justamente onde ela é mais necessária.
Em 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou a primeira vacina contra a malária da história, a RTS (RTS/AS01). No final do mesmo ano, a Gavi anunciou um investimento de US$155,7 milhões de dólares para apoiar a introdução, aquisição e distribuição da vacina contra a malária em países da África Subsaariana elegíveis ao apoio da Aliança, entre 2022 e 2025. Camarões se tornou o primeiro país a lançar uma campanha nacional de vacinação contra a malária em 2024, e outros países devem seguir o mesmo caminho em 2025.
A Gavi também está apoiando a R21/Matrix-M, uma segunda vacina contra a malária mais acessível e com maior potencial de escala.
A vacina contra a malária representa um ponto de virada na luta contra a doença, oferecendo uma chance real de salvar centenas de milhares de vidas, especialmente entre crianças menores de cinco anos nas regiões mais afetadas. Ela também traz a promessa de aliviar o pesado impacto econômico e social que a malária impõe às comunidades vulneráveis.
Vacina contra a Tuberculose: Um Avanço Histórico Após um Século de Luta
A tuberculose (TB), uma das doenças infecciosas mais letais da humanidade, é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis e atinge principalmente os pulmões. Em 2023, a TB tirou a vida de 1,25 milhão de pessoas em todo o mundo.
Embora a centenária vacina Bacillus Calmette-Guérin (BCG) proteja milhões de crianças, sua eficácia diminui na adolescência e na vida adulta — justamente as faixas etárias responsáveis pela maior parte das infecções e da transmissão da tuberculose.
Hoje, uma nova geração de vacinas contra a tuberculose promete proteger todas as faixas etárias e até bloquear totalmente a transmissão da doença. Entre essas vacinas promissoras está a candidata M72/AS01E (M72), de especial interesse para a Gavi devido ao seu potencial de obter a pré-qualificação da OMS até 2030. A Gavi também acompanha de perto outras candidatas, como a VPM1002 e a MTBVAC, que estão em fase avançada de testes e podem oferecer novas formas de reforçar a imunidade.
Vírus Sincicial Respiratório (VSR): A Próxima Fronteira
O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é a principal causa de infecções respiratórias graves em crianças menores de cinco anos. Ele afeta principalmente crianças em países de baixa e média renda, onde o acesso à saúde é limitado, e, depois da malária, é a segunda maior causa de mortalidade infantil no mundo.
Assim como no combate à malária e à tuberculose, avanços científicos estão tornando o controle do VSR cada vez mais viável. Vacinas maternas e tratamentos com anticorpos de longa duração estão em fase avançada de testes, oferecendo uma forte proteção para recém-nascidos. Com a aprovação de uma vacina materna contra o VSR pela FDA, o foco agora está na implementação em larga escala. Essas soluções têm o potencial de reduzir as taxas de mortalidade infantil e proteger bebês vulneráveis em todo o mundo.
A CEO da Gavi, Sania Nishtar, conversa com mães na unidade de Saúde e Planejamento Familiar Comunitário (CHPS) de Ominako, na Região Leste de Gana, em 6 de maio de 2025.
Além da Vacina: Fortalecendo os Sistemas de Saúde
O trabalho da Gavi vai além da entrega de vacinas. Embora sejam essenciais, a eficácia da vacinação depende diretamente da força dos sistemas nacionais de saúde.
Para garantir que esses esforços tenham impacto duradouro, a Gavi oferece apoio financeiro direcionado que ajuda os países a adquirir vacinas a preços acessíveis e a fortalecer suas redes de atendimento em saúde. Esse modelo de suporte já permitiu que países como o Sri Lanka avançassem com independência: o país concluiu sua transição do apoio da Gavi em 2016 e continua obtendo excelentes resultados em vacinação de forma autônoma.
Além disso, por meio de seu Marco de Engajamento com Parceiros, a Gavi colabora com governos e atores locais para reforçar a cadeia de refrigeração, a vigilância de doenças e a capacidade da força de trabalho na linha de frente.
O objetivo? Construir sistemas de saúde resilientes a pandemias, conflitos e choques climáticos com base na realidade local e, especialmente, nas regiões mais vulneráveis do mundo.
O que Vem a Seguir
Desde 2012, a Gavi apoia a introdução da vacina contra o HPV em 38 países, tendo imunizado mais de 27,3 milhões de meninas até o final de 2023. Esse esforço pode evitar mais de 605 mil mortes por câncer do colo do útero, um enorme passo rumo à equidade em saúde para mulheres e meninas em todo o mundo.
Mas o próximo período estratégico da Gavi é ainda mais ambicioso. A Aliança está lançando seu portfólio mais amplo de vacinas que salvam vidas, incluindo imunizantes inovadores contra doenças como Mpox, Hepatite E e Dengue, garantindo que aqueles que mais precisam tenham acesso a esses avanços.
Com o surgimento de novas doenças e o retorno de antigas, o mundo precisa de aliados confiáveis, capazes de se adaptar com agilidade, coordenar esforços globais e atuar localmente. A trajetória da Gavi mostra o que é possível quando governos, empresas, sociedade civil e comunidades se unem em uma missão comum: prevenir o sofrimento em larga escala.
Mas o trabalho está longe de terminar.
Milhões de pessoas ainda não têm acesso a vacinas que salvam vidas, os sistemas de saúde continuam frágeis e a desinformação segue se espalhando. À medida que a crise climática se intensifica, aumentam também os riscos de novas ameaças e o ressurgimento de antigas.
O trabalho da Gavi é mais urgente do que nunca, mas ele depende de financiamento. Como parte de sua estratégia para 2021-2025, a Gavi conta com as contribuições dos países doadores para proteger milhões de vidas. O corte de recursos proposto pelos Estados Unidos — cerca de US$300 milhões de dólares por ano — torna esse desafio ainda maior. Retroceder agora colocaria milhões de vidas em risco.
Sua voz faz a diferença. Ajude a colocar a equidade vacinal e a saúde global na pauta. Assine nossa petição e junte-se a milhares de pessoas na defesa do financiamento essencial para garantir que todos, em todos os lugares, tenham uma chance justa de um futuro saudável.
Estudante recebe a vacina contra o HPV durante uma campanha em sua escola, em Altanbulag, Mongólia, em 2024.