Foi uma noite para ficar na memória.

Em 22 de junho de 2023, grandes nomes como Lenny Kravitz, Billie Eilish, H.E.R., Jon Batiste e outros subiram ao palco Global Citizen no icônico Champ de Mars, em Paris, ao lado de alguns dos ativistas mais corajosos e inspiradores que estão na linha de frente da crise climática, para falar para um público de 20.000 Global Citizens, e muitos outros ao redor do mundo.

O objetivo do Power Our Planet: Live in Paris era levar uma mensagem urgente à porta dos líderes mundiais, tão alta que não pudesse ser ignorada - e foi exatamente isso que aconteceu.

A mensagem? Precisamos de uma mudança radical e sísmica no funcionamento dos sistemas financeiros globais ultrapassados, para garantir que os países pobres e em desenvolvimento tenham acesso ao financiamento de que tanto necessitam para acelerar a transição para a energia limpa, fortalecendo sua resiliência contra desastres naturais, e atendendo suas necessidades mais urgentes.

Mas ninguém pode dizer isso com mais propriedade do que as pessoas que vivem e enfrentam a crise climática todos os dias. Portanto, vamos passar o microfone para elas.

1. Camille Etienne falou sobre a repressão ao ativismo climático.

"Para muitas pessoas ao redor do mundo, a crise climática já é uma questão de vida ou morte", afirmou a ambientalista francesa de 28 anos e porta-voz do grupo ambiental On est Prêt. "Aqueles na linha de frente dos impactos climáticos são os que menos contribuíram para esse desastre.”

A ativista francesa do clima Camille Etienne no Power Our Planet: Ao vivo em Paris, quinta-feira, 22 de junho de 2023.
Image: Getty for Global Citizen

“A emergência climática é uma questão de justiça. E, no entanto, ativistas que se opõem a ela são presos, atacados, criminalizados, ou ameaçados de dissolução, como é o caso hoje na França com o movimento Soulèvements de la Terre", revelou Camille Étienne, fazendo referência à recente decisão do governo francês de dissolver oficialmente o coletivo ambiental. “É por isso que precisamos de vocês ao nosso lado: para se juntarem a nós e fazerem parte dessa onda imparável!”

2. Elizabeth Wathuti falou sobre como o desmatamento está destruindo a biodiversidade da África.

“Eu cresci em uma das regiões mais arborizadas do Quênia”, disse Elizabeth Wathuti, ambientalista queniana e fundadora da Green Generation Initiative. “Quando criança, eu era cercada por belas árvores e riachos de águas rápidas. A biodiversidade extraordinária da África e seus abundantes recursos naturais são um farol de oportunidades e oferecem soluções para um futuro resiliente e próspero.”

“Hoje, o desmatamento não está apenas destruindo o meio ambiente da minha terra natal, mas, com os efeitos das mudanças climáticas, está se tornando cada vez mais difícil reverter a perda de florestas e a degradação do solo”, afirmou. “É hora de priorizar as pessoas e o planeta, e não os lucros de curto prazo.”

3. Xiye Bastida nos lembrou por que os ativistas precisam estar presentes nos espaços de decisão

“O estado do nosso mundo mostra que precisamos fazer mais do que apenas organizar manifestações”, disse a ativista mexicana, fundadora da Re-Earth Initiative, e uma das principais defensoras das comunidades da linha de frente e da juventude em políticas locais e internacionais. “Os ativistas precisam estar na sala onde as decisões estão sendo tomadas. Precisamos que as pessoas no poder nos escutem - nós somos a geração que vai herdar as consequências dessas decisões.”

A ativista do clima Xiye Bastida no Power Our Planet: Ao vivo em Paris, quinta-feira, 22 de junho de 2023.
Image: Getty Images

“Os Estados Unidos também precisam assumir sua responsabilidade e usar seu poder para ajudar a liberar fundos essenciais que estão retidos no Banco Mundial”, disse Bastida. “Pensem assim: cada país no mundo tem um jardim. Os Estados Unidos têm um acordo com o fornecedor de água: eles recebem a maior quantidade da água, enquanto os outros países precisam fazer acordos absurdos para conseguir um pouco. Precisam pagar em petróleo, madeira e minerais que destroem o solo e arruínam seus próprios jardins.”

4. Brianna Fruean falou sobre esperança e resiliência em meio à crise climática.

“Todos nós seremos impactados pela crise climática em algum momento, embora de maneiras muito diferentes”, disse a ambientalista e ativista de Samoa, vencedora do Prêmio Global Citizen 2022. “Estamos navegando nas mesmas águas turbulentas, mas em barcos muito diferentes. Os países vulneráveis que menos contribuem para a mudança climática são os que mais sofrem.”

As ativistas do clima Brianna Fruean e Mitzi Jonelle Tan no palco do Power Our Planet: Ao vivo em Paris, quinta-feira, 22 de junho de 2023.
Image: Cyril Marcilhacy for Global Citizen

“Mas ainda há esperança! Uma esperança que pode ser encontrada na resiliência de nossas comunidades vulneráveis”, continuou ela. “Nossos povos indígenas sempre viveram em harmonia com a natureza. É essa relação que nos torna uma parte vital das soluções climáticas. Proteger os povos indígenas e seus conhecimentos é justiça climática.”

5. Helena Gualinga falou sobre a importância de colocar as pessoas e a natureza em primeiro lugar.

“Precisamos de mais do que uma transição verde. Precisamos de um novo sistema que coloque as pessoas e a natureza em primeiro lugar” disse a co-fundadora equatoriana do Polluters Out. “A América Latina é um dos lugares mais perigosos do mundo para os povos indígenas e defensores da terra. Mas nossa luta sempre foi proteger nosso território. Portanto, nossa existência é nossa resistência."

Gualinga então chamou a atenção do público para um referendo histórico marcado para 20 de agosto de 2023, no qual os equatorianos seriam questionados sobre manter o petróleo no subsolo do Parque Nacional Yasuni.

“Esse referendo é o primeiro do tipo e poderia estabelecer um precedente extraordinário, porque coloca o poder de decisão nas mãos do povo”, disse ela. “Uma vitória nossa é uma vitória para o planeta.”

6. Ineza Umuhoza Grace explicou o conceito de perdas e danos de uma maneira simples.

“Em resumo, quando falamos sobre perdas e danos, estamos dizendo que os países que causaram os danos devem pagar para consertá-los", disse a eco-feminista de Ruanda e vencedora do Prêmio Global Citizen 2023.

7. Mitzi Jonelle Tan exige que o Norte Global cancele as dívidas por desastres climáticos.

“Shh... tenho um segredo para contar a vocês,” disse ao público a ativista filipina pela justiça climática. "O capitalismo e a indústria de combustíveis fósseis estão causando a crise climática. Espera, isso não é um segredo? Então, por que governos, instituições privadas e empresas multinacionais ainda investem bilhões de dólares na indústria que está causando o sofrimento de bilhões de pessoas em todo o mundo?"

"Exigimos que o Norte Global cancele as dívidas por desastres naturais, o que permitiria aos países atingidos se concentrar em respondê-los, em vez de serem sobrecarregados por empréstimos", continuou ela. "Queremos que esses líderes ajam e se comprometam através do financiamento climático. Esse financiamento é fundamental para garantir que todos os países possam se adaptar às mudanças climáticas e ver uma transição rápida para a energia limpa."

8. Wangari Kuria falou sobre o quão alarmante é o aquecimento global.

A ativista queniana e vencedora do Prêmio Cidadão Global 2023 falou ao público: “Sou uma pequena agricultora de Ngatataek Kajiado, uma cidade empoeirada no árido Quênia... Em nossa língua local, o Kiswahili, ‘aquecimento global’ se traduz literalmente como: 'Alarme, alarme! O mundo está em chamas.' Isso é algo que o mundo inteiro precisa ouvir.”

9. Dean Bhebhe nos lembrou porque a hora de agir é agora. 

Bhebhe, ativista da campanha Don't Gas Africa (Não Gaseiquifique a África), disse: “Existe um ditado que diz: ‘O melhor momento para plantar uma árvore foi há 20 anos; o segundo melhor momento é agora.’”

10. Jerome Foster II falou sobre a necessidade de justiça ambiental.

“A crise climática e a injustiça social estão intrinsecamente ligadas,” disse o mais jovem conselheiro da Casa Branca em justiça ambiental. “Nosso sistema econômico deve funcionar não apenas para alguns, mas para todas as nações e todas as pessoas, especialmente as comunidades que são as primeiras e mais gravemente impactadas pela crise climática."

"Exigimos não apenas ação, mas transparência e responsabilidade por parte dos governos nos compromissos existentes," continuou Foster. "Agora é a hora da mudança e agora é a hora de agir de verdade.”

O ativista do clima Xiye Bastida, Jerome Foster II e Common no palco do Power Our Planet: Ao vivo em Paris, quinta-feira, 22 de junho de 2023.
Image: Cyril Marcilhacy for Global Citizen

11. Wawa Gatheru nos lembrou do impacto da crise climática sobre os pequenos agricultores. 

“Venho de uma longa linhagem de agricultores”, disse a queniana-americana e fundadora da Black Girl Environmentalist. “Me envolvi em questões ambientais ainda na adolescência, quando percebi que era uma questão de injustiça social."

"As mudanças climáticas afetam desproporcionalmente as comunidades de cor, e as mulheres e meninas são as mais atingidas", disse ela. "Hoje, apenas 1,7% do financiamento climático mundial vai para apoiar pequenos agricultores em países em desenvolvimento que estão na linha de frente da crise climática. Isso não é justo. Pequenos agricultores produzem um terço dos alimentos do mundo, e como Wangari já explicou, esse trabalho está cada vez mais difícil.”

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11 das declarações mais poderosas de ativistas climáticos no Power Our Planet: Live In Paris

Por Tess LoweryFadeke Banjo  e  Lana Lenfant Al Zouheiri