Todos os anos, o calor extremo causa cerca de 489 mil mortes em todo o mundo - e esses números continuam crescendo. À medida que os impactos da crise climática se intensificam globalmente, entender como financiar sistemas de saúde sobrecarregados pelas mudanças climáticas é essencial para o objetivo do Global Citizen de erradicar a pobreza extrema. Neste ano, a Global Citizen realizará as sessões “Global Citizen NOW: Financiamento para Saúde e Clima” paralelamente à Assembleia Geral das Nações Unidas de 2024, dando destaque a vozes fundamentais na luta contra a crise climática, de ativistas indígenas a médicos e representantes governamentais. Antecedendo o Global Citizen Festival deste ano, essas sessões vão impulsionar debates essenciais sobre como proteger o planeta com ações climáticas lideradas por cidadãos globais.
A crise climática pressiona os sistemas de saúde ao redor do mundo, pois o aumento das temperaturas globais coloca a saúde humana em risco, intensifica eventos extremos como incêndios florestais, enchentes e furacões, e favorece a disseminação de doenças infecciosas. Estima-se que, até o fim do século, uma em cada 12 unidades hospitalares - ou cerca de 16.245 hospitais - poderá ser forçada a fechar devido às condições climáticas extremas. Para proteger a saúde da população, é urgente investir desde já em sistemas de saúde resilientes e adaptados às mudanças do clima.
Quem Está Vulnerável ao Aumento das Temperaturas?
O calor extremo é uma forma de evento climático extremo e desastre natural que afeta a saúde humana em escala global e nacional, provocando secas, escassez de água e comprometendo o abastecimento de alimentos.
Trata-se de um risco ocupacional e à saúde, especialmente para pessoas em situação de vulnerabilidade, trabalhadores ao ar livre e populações sem acesso a infraestrutura de proteção contra o calor. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse térmico é a principal causa de mortes relacionadas ao clima. Ele pode aumentar as taxas de mortalidade, provocar AVCs, agravar doenças pré-existentes, elevar o risco de problemas crônicos de saúde e afetar o bem-estar emocional.
O calor extremo também contribui para condições que forçam pessoas a deixarem seus lares, tornando-se refugiados climáticos. Isso é uma preocupação crescente em áreas urbanas e zonas de conflito ao redor do mundo. Como resultado, a crise climática amplia os deslocamentos populacionais e reforça a pobreza sistêmica.
Quais são as Soluções Possíveis?
Os impactos do clima e do calor na saúde são evitáveis, e agentes locais conhecidos como “Heat Officers” (Gestores de Calor, na tradução para o português) têm apresentado algumas das soluções mais eficazes na linha de frente da resposta pública ao calor extremo. De acordo com Jane Gilbert, a primeira Chief Heat Officer do mundo, existem três frentes principais de atuação: 1) Mitigação das ilhas de calor urbanas, com ações como o plantio de árvores, criação de áreas verdes, pavimentações e telhados refletivos; 2) Isolamento térmico de edifícios, residências e abrigos, com sistemas de resfriamento eficientes; 3) Educação da população sobre segurança térmica e prevenção de riscos à saúde. Além disso, é essencial que cidades e comunidades desenvolvam planos de emergência para gestão do calor, com estratégias claras para alcançar as populações mais vulneráveis.
Profissionais da saúde também devem liderar o debate sobre mitigação climática. Seja diante do calor extremo ou da propagação de doenças infecciosas, médicos e especialistas têm o conhecimento necessário para demonstrar a urgência de um sistema de saúde resiliente às mudanças climáticas. Em um cenário onde os governos falham em cumprir metas climáticas, cresce a importância de uma atuação mais incisiva desses profissionais na liderança e formulação de políticas públicas.
Organizações internacionais também desempenham um papel fundamental na definição de padrões para o monitoramento do calor e da saúde, além da coleta de dados de qualidade que podem ser utilizados por governos e instituições ao redor do mundo.
Em última análise, a forma mais eficaz de mitigar os efeitos das mudanças climáticas é abandonando os combustíveis fósseis, seja pela transição para fontes de energia alternativas, seja pela taxação de grandes empresas emissoras de CO₂. Embora seja urgente aumentar os investimentos em infraestrutura de resfriamento, mitigação climática e sistemas de saúde, o primeiro passo deve ser a redução das emissões de carbono por meio de uma transição justa para a energia limpa.
O calor extremo impacta pessoas em todos os lugares - pressionando a saúde individual, os sistemas de saúde, os recursos hídricos e a produção agrícola, além de colocar em risco populações vulneráveis ao redor do mundo. Ao compartilhar sua experiência com o calor extremo, você ajuda a responsabilizar líderes globais pelas metas de carbono zero estabelecidas no Acordo de Paris. Continue agindo com a Global Citizen para defender o planeta e proteger a saúde humana frente aos perigos do aumento das temperaturas.