Para frear o aumento das temperaturas globais, sabemos que o mundo precisa parar de usar carvão, petróleo e gás. Isso porque a mudança climática é provocada pela queima de combustíveis fósseis, que libera gases de efeito estufa na atmosfera e causa o aquecimento global.
Ao interromper o vício global em combustíveis fósseis, também preservamos e protegemos as florestas tropicais. Esses ecossistemas vibrantes, que armazenam emissões de carbono e ajudam a evitar um aquecimento ainda maior, são aliados naturais fundamentais no combate à crise climática.
Infelizmente, os projetos de combustíveis fósseis são uma ameaça crescente à maior floresta tropical do planeta — a Amazônia. A exploração de petróleo e gás é mais um ataque direto a um ecossistema frágil, já sob ameaça da agricultura, do desmatamento e da pecuária. A extração de combustíveis fósseis pode criar cicatrizes profundas no coração verde da Amazônia, destruindo terras indígenas e deslocando comunidades inteiras.
Esses projetos de extração planejados e a degradação florestal que inevitavelmente virá com eles irão enfraquecer a capacidade da Bacia Amazônica de armazenar carbono e reciclar a água da chuva, além de reduzir sua biodiversidade inestimável, potencialmente criando um perigoso ciclo de retroalimentação. À medida que a floresta encolhe, ela não consegue mais absorver as emissões que causam a mudança climática, levando a Amazônia para um ponto de não retorno.
Para compreender de fato as ameaças que a Amazônia enfrenta, é preciso confrontar o papel dos combustíveis fósseis tanto na destruição local quanto na crise climática global. Sem a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, não há esperança de proteger a Amazônia, e as metas climáticas globais continuarão longe do nosso alcance.
Mas ainda há esperança — em novembro, a COP30 nos dá a oportunidade de mudar de rumo e combater a crise climática de frente.
COP30: Dez Anos Após o Acordo de Paris
Em 2015, líderes mundiais assinaram o histórico Acordo de Paris e se comprometeram a agir para limitar o aquecimento global a 1,5°C ou menos. Foi uma promessa histórica, mas, uma década depois, estamos vendo o custo da demora e da inação: a crise climática continua a se intensificar, e enfrentamos suas consequências todos os dias — incluindo secas devastadoras, enchentes catastróficas e incêndios florestais descontrolados, que resultam em insegurança alimentar, perda de moradias e meios de subsistência, além do aumento no número de refugiados climáticos.
Sem eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, não há caminho possível para alcançar as metas do Acordo de Paris — nem esperança de proteger a Amazônia.
Mas, em novembro de 2025, a atenção do mundo estará em Belém, Brasil - uma cidade às margens da Amazônia - que sediará a COP30, a cúpula anual de mudança do clima da ONU. É uma oportunidade única para os líderes ficarem frente a frente com a floresta que eles prometeram proteger tantas vezes.
A COP30 marca um prazo crítico. Dez anos após o Acordo de Paris, este é o momento em que os países devem apresentar suas novas “Contribuições Nacionalmente Determinadas”, ou NDCs, que são planos nacionais que detalham como cada país contribuirá para o esforço global de combate à crise climática.
Eles descrevem como os países irão reduzir as emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas. Atualizados a cada cinco anos, esses planos devem ser entregues novamente neste ano — em 2025 — e precisam conter metas mais fortes e ambiciosas do que nunca.
Esses planos climáticos vão determinar se ainda seremos capazes de limitar o aquecimento global a 1,5°C e evitar os piores impactos da crise climática.
Por Que a Global Citizen Lançou a Campanha “Proteja a Amazônia”
Dez anos após o acordo de Paris, o mundo está bem longe do esperado. As emissões estão aumentando. As florestas estão desaparecendo. E a meta de 1,5°C - o limite entre um planeta habitável e um inabitável - está escapando das nossas mãos.
A COP30 oferece uma oportunidade poderosa para mudar o rumo.
Para aproveitar este momento, a campanha global de defesa de direitos Proteja a Amazônia, da Global Citizen, vai mobilizar ações no período que antecede a COP30. Estamos aproveitando grandes momentos culturais, encontros políticos e a mobilização da sociedade para aumentar a pressão por compromissos climáticos — por parte de governos, instituições financeiras e outros setores.
Todas essas iniciativas vão culminar no Global Citizen Festival: Amazônia, o primeiro show de impacto desse tipo em Belém durante a COP30. Um festival que vai usar o poder da cultura para colocar a Amazônia em evidência e mobilizar milhões de pessoas a agir. O Global Citizen Festival: Amazônia também será um dos eventos de grande porte mais sustentáveis e de menor impacto ambiental já realizados na América do Sul.
O Que Estamos Pedindo
Estamos convocando países como França, Alemanha, União Europeia, África do Sul, Nigéria e outros a assumirem a liderança, apresentando planos climáticos ambiciosos (NDCs) que incluam cronogramas claros para eliminar gradualmente o uso de carvão, petróleo e gás, expandir as fontes de energia renovável e eliminar subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis.
Estamos defendendo que os governos se unam a mecanismos globais para acelerar a eliminação dos combustíveis fósseis, como o Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis (TNPCF). Os signatários desse tratado exigem o fim da expansão dos combustíveis fósseis e buscam construir as bases para uma transição energética justa.
Também estamos apoiando mecanismos globais como a Beyond Oil and Gas Alliance (BOGA), uma aliança de governos que trabalha para apoiar outros países na gestão da eliminação gradual da produção global de combustíveis fósseis.
O Que os Global Citizens Podem Fazer?
À medida que as florestas se aproximam de um ponto de não retorno e as comunidades da linha de frente suportam o peso dos impactos climáticos, os riscos nunca foram tão altos.
Nós sabemos que a exploração de petróleo e gás é incompatível com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C. E sem acesso universal à energia renovável, as metas climáticas globais continuarão longe do nosso alcance — e a pobreza e a desigualdade permanecerão enraizadas.
A COP30 precisa ser um ponto de virada.
Não se trata apenas da Amazônia. É uma questão de segurança alimentar, ar puro, água potável e um futuro habitável — especialmente para as próximas gerações.
Como Global Citizens, nós podemos agir ao levantar nossas vozes, pressionar onde mais importa e demonstrar solidariedade às comunidades na linha de frente das mudanças climáticas.
Conhecemos o problema. Temos as soluções. Agora, precisamos de vontade para agir. Podemos acabar com a era do carvão, do petróleo e do gás, e agir agora para transformar o amanhã.