De 18 a 20 de junho, a Cidade do Cabo sediou a Cúpula de Energia da Juventude 2025 (YES!, sigla em inglês para Youth Energy Summit), reunindo jovens inovadores, especialistas em políticas públicas, empreendedores e defensores do clima de todo o continente. Entre eles estavam jovens agentes de mudança selecionados como bolsistas pela Global Citizen para a campanha Ampliando as Renováveis na África (SURA, sigla em inglês para Scaling Up Renewables in Africa) — cada um desempenhando um papel ativo na reconstrução da narrativa energética da região.
Por meio de oficinas interativas baseadas em experiências reais, os bolsistas da Global Citizen não apenas falaram sobre mudança — eles ajudaram outras pessoas a desenvolver habilidades para promovê-la em suas próprias comunidades.
Compartilhando Histórias que Moldam Estratégias
A primeira oficina da campanha SURA, “Das Vozes Locais às Plataformas Globais: Desenvolvendo Narrativas para Justiça Climática e Energética”, começou com um desafio: como os jovens podem usar suas experiências pessoais para influenciar mudanças?
Em vez de começar com estatísticas, os bolsistas convidaram os participantes a refletirem sobre suas próprias realidades — desde estudar à luz de velas até lançar projetos solares comunitários. Com a orientação dos jovens líderes, essas histórias foram reformuladas como ferramentas de ativismo, mobilização e visibilidade em níveis local e global.
“A narrativa é um catalisador poderoso para impulsionar ações em prol das energias renováveis”, disse Lungile Magagula, bolsista da Global Citizen em 2025, da África do Sul. “Ao conectar as experiências vividas por pessoas que enfrentam desafios no acesso à eletricidade com os objetivos mais amplos da energia renovável, as histórias criam um relato envolvente que gera conscientização, empatia e mobilização.”
Ao final da sessão, os participantes haviam elaborado suas próprias narrativas energéticas pessoais, que poderiam ser usadas em propostas de financiamento, discursos de campanha ou conversas com a comunidade — algo inédito para muitos deles.
Construindo Soluções de Baixo para Cima
A segunda oficina, “O Futuro Energético da África: Como a Juventude Pode Liderar Soluções Renováveis em Suas Comunidades”, teve foco na ação. A atividade começou com uma apresentação didática do panorama atual da energia no continente — quem tem acesso, quais opções renováveis são viáveis e onde ainda existem lacunas.
Em seguida, os participantes foram desafiados em um “sprint de inovação” para projetar soluções energéticas renováveis voltadas para as realidades de suas próprias comunidades. A proposta não era pensar em infraestrutura em grande escala, mas em ideias realistas, localmente relevantes e capazes de atender necessidades concretas.
As soluções propostas variaram de centros solares cooperativos a sistemas de refrigeração off-grid para agricultores de pequeno porte.
“Soluções energéticas lideradas por jovens e impulsionadas pelas comunidades são essenciais”, afirmou Magagula. “A juventude traz perspectivas novas e inovadoras que podem transformar a forma como pensamos a energia renovável — especialmente quando essas soluções são locais e respondem diretamente às necessidades específicas de suas comunidades. Elas apresentam novos modos de pensar e abordagens que antes eram negligenciadas.”
Para muitos participantes, foi a primeira vez que conectaram seus conhecimentos sobre energia renovável a um processo de design voltado à resolução de desafios locais. Também foi uma chance de aprender diretamente com colegas que realizam trabalhos semelhantes em outros países.
Por Que A Ação Urgente É Necessária Agora
A África vive um momento decisivo. Enquanto o investimento global em energia continua a crescer, apenas 3% desses recursos chegam ao continente — onde mais de 600 milhões de pessoas ainda vivem sem acesso à eletricidade. Esses números vão além de dados técnicos: representam realidades diárias que afetam a educação, a saúde, o emprego e a qualidade de vida.
A SURA foi criada para enfrentar esse desequilíbrio de forma direta. Investindo em liderança jovem, inovação comunitária e ativismo estratégico, a iniciativa busca ajudar a triplicar a capacidade de energia renovável na África até 2030 e conectar 50 milhões de pessoas à eletricidade até 2029.
O trabalho dos bolsistas da Global Citizen no YES! é uma extensão direta desse objetivo — fortalecendo capacidades, redes de colaboração e mostrando, na prática, como uma transição energética centrada nas pessoas pode acontecer.
“A juventude desempenha um papel vital no cumprimento das nossas metas climáticas e energéticas,” destacou Lungile Magagula. “Como agentes de mudança, os jovens trazem novas perspectivas e soluções inovadoras. Mais do que isso, vivenciam diretamente os impactos da crise climática e da falta de acesso à energia em suas comunidades. Essa experiência oferece à juventude uma compreensão profunda da urgência e das oportunidades de ação. Ao adaptar soluções às necessidades locais, os jovens estão em uma posição única para alinhar metas energéticas com impactos reais e transformadores em suas comunidades.”
Olhando Para o Futuro
O que se destacou durante a Cúpula não foi apenas a energia dos participantes — foi a clareza de propósito. Os bolsistas da Global Citizen trouxeram estrutura, lucidez e humildade para suas sessões. Eles não estavam ensinando a partir da teoria. Compartilharam ferramentas que já haviam funcionado — ou falhado — na prática, e aprenderam tanto quanto ensinaram.
As conversas iniciadas na Cidade do Cabo não terminam ali. Os participantes voltam para suas regiões na África e além — com novas ideias, estratégias mais claras e conexões que crescerão com o tempo.
“O que eu espero que os participantes levem de volta para suas comunidades é um senso de urgência e a convicção de que podem agir agora,” disse Magagula. “Eles têm o poder de iniciar mudanças imediatamente, e suas ideias não são apenas valiosas — são essenciais para ajudar a fechar as lacunas de energia em nossas sociedades.”
O YES! abriu espaço para que a juventude liderasse, ouvisse e aprendesse — não de forma abstrata, mas com foco real nas comunidades. Confirmou o que muitos já sabiam: o futuro energético da África não está esperando para ser construído. Ele já está em andamento — impulsionado por quem mais entende a urgência do momento.




