As cerca de 400 bilhões de árvores da Floresta Amazônica não são apenas bonitas, mas também fundamentais para a saúde do nosso planeta e para a nossa sobrevivência. Essas árvores ajudam a regular o clima global, são habitat de 10% das espécies conhecidas de animais do mundo, absorvem e armazenam dióxido de carbono, mantêm os ciclos da água e sustentam a biodiversidade da floresta. Além disso, fornecem itens essenciais para a sobrevivência, como alimentos e medicamentos, dos quais as comunidades locais dependem.

Apesar da importância global da Amazônia, 20% da floresta foi perdida nos últimos 50 anos. Essa floresta, antes vibrante, agora enfrenta o desmatamento causado pela expansão agrícola, pecuária, extração ilegal de madeira, mineração, grilagem de terras e queimadas.

Mesmo com todos esses desafios, o fim da Amazônia não é inevitável. Comunidades indígenas, organizações, ativistas e muitos outros estão comprometidos em salvar esse ecossistema tão importante. Aqui estão seis soluções inovadoras para a pergunta: o que podemos fazer para proteger as árvores que sustentam nosso planeta?

1. Replantar e recuperar áreas degradadas da floresta

As comunidades indígenas e tradicionais possuem um papel vital na luta contra o desmatamento e na recuperação de áreas degradadas.

O povo Guajajara, na reserva do Rio Pindaré, atua ativamente na recuperação de nascentes que estão secando, mapeando cabeceiras e plantando espécies nativas da Amazônia, como buriti, pupunha e açaí. Em 2023, eles coletaram mudas na floresta e as replantaram em cabeceiras estratégicas, utilizando a ciência indígena para revitalizar o ecossistema. Cientistas do mundo todo acreditam que essa iniciativa de reflorestamento pode ajudar a estabilizar os ciclos da água da região e reduzir os efeitos da seca e das mudanças climáticas.

Iniciativas semelhantes de reflorestamento e conservação estão sendo realizadas por outras comunidades indígenas em toda a Bacia Amazônica.

2. Reforçar as proteções legais

Em 2002, o Brasil criou o programa Áreas Protegidas da Região Amazônica (ARPA), em parceria com o World Wildlife Fund e outros parceiros. A meta era proteger a Floresta Amazônica, preservando mais de 60 milhões de hectares. Duas décadas depois, o ARPA superou esse objetivo, protegendo atualmente 62 milhões de hectares — quase 1,5 vez o tamanho da Califórnia.

O programa, que é a maior iniciativa mundial de conservação de florestas tropicais, preservou a biodiversidade, reduziu o desmatamento, evitou emissões significativas de carbono e ajudou os meios de subsistência locais.

Políticas públicas fortes e leis aplicáveis podem diminuir significativamente o desmatamento e ajudar a preservar a floresta tropical.

3. Aproveitar a pressão internacional

O financiamento climático global, junto com a pressão pública e as escolhas dos consumidores, desempenha um papel crucial no combate ao desmatamento da Amazônia.

Um dos mecanismos mais importantes é o Fundo Amazônia, criado pelo governo brasileiro em 2008. Ele direciona doações internacionais para projetos que combatem o desmatamento, promovem o uso sustentável da floresta e apoiam o monitoramento ambiental e a administração territorial. Até hoje, já arrecadou mais de US$1,4 bilhão, com contribuições de países como Noruega, Alemanha, Suíça, Irlanda, EUA, Reino Unido e Japão. Mas isso é apenas uma parte do necessário. Estimativas recentes apontam para um déficit de bilhões de dólares para proteger completamente a Amazônia e atingir as metas climáticas globais. Por isso, a Global Citizen está fazendo um apelo por pelo menos US$1 bilhão em novos compromissos até a COP30 — para ampliar as iniciativas de proteção, garantir os direitos dos Povos Indígenas e Tradicionais e promover justiça climática.

Mas, além do financiamento, as escolhas diárias também importam. Quando consumidores exigem produtos sustentáveis e cobram ação de líderes e empresas, contribuem para transformar mercados e políticas. Juntos, o financiamento e a pressão pública podem promover avanços reais na restauração e proteção da Amazônia.

4. Promover sistemas agroflorestais indígenas

Agrofloresta é um sistema de cultivo sustentável dentro da floresta que imita a natureza e preserva a biodiversidade, ao mesmo tempo em que regenera a terra e gera renda para pequenos agricultores. Esses sistemas são alternativas às monoculturas de soja e à pecuária, que contribuem para o desmatamento na Amazônia.

As Chakras Amazónicas são um exemplo de sistema agroflorestal tradicional, utilizado pelo povo indígena Kichwa na Amazônia equatoriana. Esse sistema promove o uso sustentável da vegetação da floresta por meio do cultivo de mandioca, banana-da-terra, palmeira chonta, árvores madeireiras, árvores frutíferas e plantas medicinais, tudo em um mesmo pedaço de terra. Isso ajuda a criar fazendas diversificadas e sustentáveis, que reduzem a pressão sobre a floresta, mantêm a terra saudável e promovem a biodiversidade e a segurança alimentar.

Ao trabalhar em harmonia com o meio ambiente, os sistemas agroflorestais ajudam a preservar a Floresta Amazônica, ao mesmo tempo em que atendem às necessidades das comunidades locais.

5. Apoiar o ecoturismo sustentável liderado por comunidades locais

O ecoturismo é uma forma de turismo que busca respeitar o meio ambiente, a vida selvagem e as comunidades locais, bem como suas culturas e tradições.

Na Floresta Amazônica, o ecoturismo pode desempenhar um papel importante na luta contra o desmatamento. Ele gera benefícios econômicos para as comunidades locais e incentiva a proteção da floresta em vez de atividades destrutivas, como a extração de madeira ou a mineração. Além disso, promove o intercâmbio cultural e o desenvolvimento sustentável e de baixo impacto em áreas florestais.

Um exemplo notável é o coletivo Sani Warmi, uma organização de mulheres indígenas da comunidade Kichwa de Sani Isla, no Equador, que realiza atividades de turismo ecológico juntamente com a prática de agroecologia para gerar renda e conservar a Floresta Amazônica equatoriana.

A organização recebe visitantes no Sani Lodge, um ecolodge totalmente pertencente e operado pelo povo Kichwa. Os hóspedes têm a oportunidade de visitar a comunidade, conhecer casas tradicionais Kichwa, participar de demonstrações de culinária e artesanato tradicionais e visitar hortas tradicionais — experiências que contribuem para compartilhar e preservar a cultura Kichwa, seus conhecimentos ancestrais e a floresta que chamam de lar.

Por meio dessas iniciativas, o coletivo já protegeu cerca de 31.000 hectares da Floresta Amazônica, ao mesmo tempo em que promove práticas sustentáveis e gera empregos dentro da comunidade.

6. Lutar contra o desmatamento com tecnologia de ponta

Tecnologias como drones, imagens de satélite e inteligência artificial estão facilitando a detecção do desmatamento na Floresta Amazônica. Essas ferramentas ajudam a identificar desmatamentos ilegais, monitorar mudanças na cobertura florestal e apoiar iniciativas de reflorestamento.

Por exemplo, uma ferramenta de monitoramento por satélite com inteligência artificial foi criada para combater as ameaças de desmatamento na Amazônia colombiana, por meio de uma parceria entre a Procuradoria-Geral da Colômbia e a Sociedade Zoológica de Frankfurt na Colômbia. Essa tecnologia, com foco em regiões como Chiribiquete e La Macarena, detecta rapidamente atividades ilegais de desmatamento, fortalecendo a conservação e orientando decisões políticas para proteger ecossistemas vitais.

Relatórios oficiais sobre o problema podem levar até sete meses, mas essa tecnologia permite que as autoridades tenham acesso a dados quase em tempo real, tomem decisões mais rápidas e atuem com mais agilidade a crimes ambientais.

A tecnologia de drones também está ajudando a monitorar e detectar o desmatamento, pois permite que as comunidades inspecionem grandes áreas da floresta que poderiam ser inacessíveis e busquem sinais de atividades ilegais. Os drones também facilitam o mapeamento, a filmagem e a fotografia de regioões ameaçadas, além de permitir o repasse de informações importantes às autoridades para combater a destruição ilegal da floresta.

Os drones também têm sido utilizados para apoiar iniciativas de reflorestamento. A MORFO é uma empresa franco-brasileira especializada em restauração florestal em grande escala, principalmente em regiões tropicais e subtropicais. A empresa utiliza tecnologias de última geração como drones, satélites e inteligência artificial, além de avaliações em campo, para identificar áreas que precisam de reflorestamento. Eles então usam os drones para semear grandes áreas com plantas nativas por meio de imagens de satélite e monitoramento por drones.

Em 2022, a MORFO lançou um projeto de restauração em uma área degradada pela mineração de ouro aluvial em Crique Korossibo, na Guiana Francesa, localizada nas profundezas da Floresta Amazônica. Eles conseguiram restaurar 20 hectares de floresta, aumentando a cobertura vegetal de 0,3% para 78%. Hoje, essa área abriga cerca de 1.000 árvores por hectare, com 12% da vegetação formando um dossel denso e de multicamadas, fundamental para o estabelecimento de um ecossistema autossustentável.

O que você pode fazer?

Proteger a Amazônia exige mais do que consciência — exige ação. Você pode defender os direitos dos Povos Indígenas e Tradicionais, apoiar políticas que protejam as florestas e usar sua voz para pressionar líderes a financiarem a conservação. Doe para ONGs confiáveis que atuam diretamente com reflorestamento, agrofloresta e direitos territoriais. Prefira produtos sustentáveis e apoie iniciativas de ecoturismo que beneficiam as comunidades locais. Desde o apoio a tecnologias como o monitoramento via satélite até a amplificação das vozes da linha de frente, cada escolha que você faz pode ajudar a restaurar a Amazônia — e garantir um planeta mais saudável para todos.

Editorial

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Por Fadeke Banjo